30 novembro 2010

Rimando

 

Ser poeta, meu caro, é muita pretensão.
Poeta eu sou? Um amante talvez e somente.
Um amante daquilo que em real não posso ser.
E me vejo entre as letras.
Entre as vírgulas e o ponto final.
Como num passo de dança,
Uma fantasia de Carnaval.

E me descubro e me desvendo
Me escancaro e me vejo sendo.
Sendo tudo o que não sou.
Sendo tudo o que posso ser.
Me vejo em carne, remendada. Me vejo viva.
E te conto. E me conto.
Inteira, em pedaços. Em abrigo ou perdida.

Tudo isso pra dizer que minha verdade está em letras,
que na verdade sou real na fantasia.
Naquilo que não se vê. Apenas sente.
Naquilo que não se pega ou toca.
Intangível, mas que é sólido.
É livre e vaidoso, mas chora.
E urge por ser eterno.

Se escrevo é porque minh' alma transborda
De tudo o que existe e me insiste.
É porque quero ser pedaço do céu
Todas as cores do arco íris
E todos os doces aromas e todos os doces sabores.
Se escrevo é pra não voar de pés no chão.
É pra fugir da simetria e ser imperfeição.



Imagem: Pinterest

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