E se eu te contar um segredo ao pé do ouvido
Acreditarias em mim, sim, não duvido.
E se eu sussurrar neste mesmo ouvido doces palavras
Ou somente deixar meu silêncio te contar
O que nada digo
E que está em mim
E que confunde o coração
E os pensamentos
Você ouviria?
E se eu te estender a mão
Estenderia a sua também?
Isso, já duvido.
E se eu quiser seu abraço
E mesmo seu beijo
Ainda não provado
Que sabor teria?
Da dor e do medo
Da mentira ou do pejo?
Do mero desejo que é prazer (instantâneo)
Ou do sonho
Do amor que se almeja e espera.
Você me daria?
E se fosse do sabor do amor
Até quando o seria?
Alguns corações são tão voláteis
Como o álcool
Que na primeira passagem do vento se esvai.
Seria assim o seu?
Ansioso e vadio?
Mas diga-me
Ès tu, capaz de entregar tua alma
Ao que chamam de amor
Entregá-la -ia a mim?
Eu cuidaria.
Será mesmo, tu, capaz de doar-se por inteiro ao amor
E ser parte de mim.
E sermos
Cúmplices,
Amantes,
Amigos
E sermos dois no aguardo de ser um?
Eu o seria.
E se tu fores capaz de entregar tua alma a mim
Não o faças com pressa
Que assim não me serve.
Tem que ser aos poucos, mas intenso
Numa entrega infinita
Numa doação total,
Numa conquista diária
Enquanto houver vida
E dolorosamente (que é a prova que se vive).
E tem que ter um mistério e
Ter sabor de poesia
Pra ser fácil e simples e leve e livre e belo.
Só assim me serve.
Só assim consigo ser.
Quanto a você, basta-lhe?
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