10 julho 2011

Marionete


- Sou Marionete
Criatura sem descendência ou ascendência 
Que por sorte (ou azar) vingou,
Que vingou a própria sorte.
 
- Cadê a mãe? Quem é o pai?
- No tempo se perdeu. Ou dela se esqueceu.

- Foi barriga de aluguel?
- Não.
Foi barriga mal paga, apertada, castrada.
É filha de luz! Filha de Deus!

Criatura não vive: é coisa levada.
Sonha as coisas do mundo, as flores do mundo, as cores do mundo.
Tem a vida em preto e branco.
Não quebrou correntes,
Não plantou sementes.

- Sou Marionete
Boneco de vida vazia.

- Criatura filha de luz, filha de Deus!
Pensou que ia herdar o mundo, as flores, as cores.
É filha ilegítima.
Restaram-lhe milagres, lágrimas secas, pobres versos.
Criatura sonha.


- Poesia não salva, bem verdade, mas socorre!  

                                                                     
Imagem: Pinterest

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