A menina conta pedaços de si
Como se contasse conchinhas na areia da praia
Como se contasse conchinhas na areia da praia
Avistando aquela imensidão e sentindo parte de tudo aquilo
Como se fosse uma daquelas conchinhas diante do mundo.
Conta pedaços de si
Como se contasse as estrelas no céu
Com os olhos brilhosos
De quem acredita ser uma daquelas, sua estrela
Pensando na dimensão de sua distância
E do seu alcance com o apontar de um dedo.
Os olhos piscam,
A estrela talvez não esteja mais lá amanhã.
A menina conta pedaços de si
Como se contasse o bem-me-quer de uma flor
Pétala à pétala, sentindo escorrer entre os dedos
Aquilo que antes fora beleza somente
E o exalar de um perfume brevemente sentido.
E o exalar de um perfume brevemente sentido.
Os pedaços de si se distraem e misturam
Tanto quanto o perder-se num abraço de dois corpos.
A menina conta pedaços de si
Como contasse o mais belo poema
Palavra a palavra delicadamente cantada.
A menina recolhe os pedaços
Como a restaurar uma casa
Parte por parte, cômodo por cômodo,
O teto.
Alguns pedaços não conseguem ser recolhidos
O vento soprou
Outras caíram e quebraram-se
Algumas diluíram-se pela chuva
Outras que são tão pesadas que não consegue sustentar
por suas próprias mãos
E se está só.
A menina junta os pedaços de si
E sorri no seu desarranjo.
Imagem: google