Desse jeito, jeitinho
Faceiro de menina, que é mulher
Vulcão,
Valente.
E eu gosto desse samba
Do gingado da baiana
Do cheiro de cravo, caro Jorge
Da cor da canela
Das mãos que deslizam
Pelo ar
Dos lábios que movem ao cantar
o teu samba
Dos dentes que atiçam ao sorrir
No teu ritmo.
E eu gosto desse samba
Desse jeito, jeitinho
Charmoso de mulher, que é menina
Flor delicada
Dengosa.
E eu gosto quando o som da cuica
Te anuncia
Do batuque, do pandeiro
Que denuncia
Esse seu jeito, jeitinho de menina-mulher,
de quem não é Santa
Nem é puta
Tão inteira, tão incerta
Um perfeito imperfeito.
Ai de mim que gosto desse samba
Desse jeito, jeitinho
De ser embalado
E que me toma e me doma só por um triz
Não quando rebola
Mas quando me olha e me diz:
“Entra na roda, que o samba é nosso!
Sente a alegria que é sua
e só depende de ti o ser feliz.
Vem pro samba!
Que a malandragem
tem disso:
de espantar o choro e trazer o riso
ao pé do ouvido,
aos pés em ritmo do que que se é
e comemora”.
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