20 maio 2013

Os ocos entre os mares

Marrocos 

E era uma 
Única e solitária cor
Uníssona,
Dos lares 
Das ruas
E vales.

Sabiamente esconde
A cidade erguida
Tal qual o corpo coberto
O rosto sob o véu e o sol
A intenção
A prece à Deus ao sinal da reza
Dos olhos e mãos pintados.

Metricamente desértica
- A cor, vermelha.
Que mexe e repete
As marras e amarras do coração
Entregue e apaixonado pelo colorido
Das mãos ao barro
Ao couro
Ao entrelaçado das linhas e da lã
Do amassar do pão
Ao cheiro das cores das ervas e das frutas
E do verde do trigo nas lavouras.

Picante e sedento
O mesmo, deserto
Denunciando a imensidão do estar só
A ziguezaguear e ruminar como um camelo.

Escondido em si
Que é,
ao compasso dos ventos, mudado
o silêncio, ao som dos tambores e dos qaraquebs, rompido.
O silêncio que há, mas não é, o de todas as línguas
mas o de si
da própria lei da descoberta de um jeito outro
Tão particular, ao olhar. 


Deserto do Saara


Imagens: Acervo da autora do blog

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